Eu nunca gostei de tatuagem.
O Alexandre tinha uma bem grande nas costas e eu nunca consegui dizer que era bonita e que eu gostava dela.
Por isso, quando a Amanda disse que faria uma, é claro que dei o contra. Afinal eu achava que tatuagem não combinava com ela. Tentei convencê-la de que aquela "marca" ficaria para sempre e que ela poderia se arrepender. Mas não teve jeito.
Apesar da minha cara feia ela tatuou a borboletinha no ombro e eu confesso que achei até bonitinha. Mesmo porque não era uma borboleta qualquer. Era aquela que ela encontrou uma vez quando estava indo pro trabalho e que está guardada até hoje numa caixinha. Ela representava a transformação.
Eu achei que a coisa tinha parado por aí. Mas recentemente ela disse que faria outra.
Só que desta vez eu não dei o contra. Mais uma "marquinha"? Não tinha problema algum...Essa seria visível, só isso...Piores são as que não aparecem.
Várias vezes perguntei o que seria dessa vez mas a Amanda não respondia. E então eu fiquei pensando que a única coisa que justificaria uma nova tatuagem seria a Flor de Lótus.
Quando eu estava entrando com ela no estúdio ela confirmou minhas suspeitas e disse que a Flor de Lótus nasce do lodo e é tão linda! E eu acrescento que ela é o símbolo da pureza e segundo sua lenda é a junção dos quatro elementos da natureza: água, fogo, terra e ar.
Enquanto eu esperava do lado de fora fiquei pensando que nunca me passou pela cabeça ir a um lugar daqueles e que eu havia conseguido, com 54 anos, aprender mais uma lição da vida. Que as pessoas são lindas independentes de terem ou não tatuagens no corpo e que com certeza cada marca tem seu significado.
O tempo passou rápido e quando a Amanda me chamou para ver como tinha ficado eu achei linda!! Combina muito bem com ela. Linda, pura e renascida com mais força.
segunda-feira, 19 de janeiro de 2009
sexta-feira, 19 de dezembro de 2008
Recompensas
Definitivamente, eu nunca consegui ganhar muito dinheiro com a minha profissão. Mas consegui ganhar coisas que o dinheiro não compra.
Hoje encerrei meu ano de trabalho no consultório e nessa semana ouvi e vi coisas que me deixaram feliz e com a certeza que cumpri meu dever.
Vi as lágrimas nos olhinhos da Isabela que neste momento deve estar dentro do avião indo morar no Japão. Recebi um beijinho gostoso do Gabriel que veio todo feliz me entregar a toalha branca de presente. O outro Gabriel também estava feliz escondendo o presentinho para me fazer surpresa.
Ontem o Henrique ( que me deixa com mais cabelos brancos) veio correndo e me abraçou com força e hoje a Cristina me agradeceu pelos momentos em que eu simplesmente a escutei quando ela precisou falar. E foi também muito bom ler o bilhetinho do Gustavo que não conseguia se alfabetizar e ver a alegria do Gabriel ( o terceiro ) me contando que havia passado de ano.
A Dislexia do Luis não o impediu de nesse ano aprender a ler e escrever e nesta semana ele veio me contar que passou direto, sem recuperação.
É claro que nem todos sabem demonstrar carinho mas para esses eu dei de presente a alta da terapia como foi o caso do Vinicius, Gustavo e Kevin.
Mais um ano de muitas alegrias trabalhando com a Fonoaudiologia. E é muito bom ver que pude melhorar a vida das pessoas e que em cada uma delas vai ter sempre uma lembrança minha.
Obrigada pai, pelas noites em que eu escutava o senhor datilografando depois de trabalhar o dia todo, para aumentar um pouco o dinheiro. Obrigada mãe, pelas noites em que eu escutava o barulho do pedal da máquina de costura e tudo para poder pagar a minha faculdade.
Foi a maior herança que vocês puderam me deixar e foi uma das melhores escolhas que fiz na vida.
Hoje encerrei meu ano de trabalho no consultório e nessa semana ouvi e vi coisas que me deixaram feliz e com a certeza que cumpri meu dever.
Vi as lágrimas nos olhinhos da Isabela que neste momento deve estar dentro do avião indo morar no Japão. Recebi um beijinho gostoso do Gabriel que veio todo feliz me entregar a toalha branca de presente. O outro Gabriel também estava feliz escondendo o presentinho para me fazer surpresa.
Ontem o Henrique ( que me deixa com mais cabelos brancos) veio correndo e me abraçou com força e hoje a Cristina me agradeceu pelos momentos em que eu simplesmente a escutei quando ela precisou falar. E foi também muito bom ler o bilhetinho do Gustavo que não conseguia se alfabetizar e ver a alegria do Gabriel ( o terceiro ) me contando que havia passado de ano.
A Dislexia do Luis não o impediu de nesse ano aprender a ler e escrever e nesta semana ele veio me contar que passou direto, sem recuperação.
É claro que nem todos sabem demonstrar carinho mas para esses eu dei de presente a alta da terapia como foi o caso do Vinicius, Gustavo e Kevin.
Mais um ano de muitas alegrias trabalhando com a Fonoaudiologia. E é muito bom ver que pude melhorar a vida das pessoas e que em cada uma delas vai ter sempre uma lembrança minha.
Obrigada pai, pelas noites em que eu escutava o senhor datilografando depois de trabalhar o dia todo, para aumentar um pouco o dinheiro. Obrigada mãe, pelas noites em que eu escutava o barulho do pedal da máquina de costura e tudo para poder pagar a minha faculdade.
Foi a maior herança que vocês puderam me deixar e foi uma das melhores escolhas que fiz na vida.
terça-feira, 18 de novembro de 2008
As flores amarelas
Tenho ido trabalhar a pé algumas vezes. Meu médico disse que eu preciso caminhar e como o consultório é bem perto de casa, aproveito para seguir a orientação médica.
Na semana passada , quando eu já tinha subido a ladeira e feito a curva para depois atravessar a rua, vi as flores amarelas caídas por sobre o muro da casa.
Eram as mesmas flores que enfeitavam a entrada de Eldorado. Eu tenho até uma foto da Amanda pequenininha fazendo pose embaixo da trepadeira carregada das flores amarelas.
Então eu me lembrei dos domingos que passávamos lá quando as crianças eram pequenas e me deu uma saudade...
Mas a lembrança foi mais longe e eu me lembrei do pequeno jardim da casa do Ipiranga, quando eu era pequena e que por coincidência, tinha as mesmas flores. E lembrei da minha avó Adonina dizendo carinhosamente ( pois ela nunca foi capaz de dar uma bronca) que eu não deveria estourar os botões das flores.
Isso tudo eu pensei em alguns segundos parada de frente pro muro florido. E quando voltei das divagações olhei para os lados e vi que estava sozinha.
Então me aproximei do botão mais gordo que tinha e sem dor na consciência apertei-o com força ( me desculpa, vó ). Escutei aquele "ploct" que fez parte da minha infância e me senti tão feliz!!
Aquele botão não iria dar a flor amarela tão bonita mas ele fez meu dia ser mais alegre e eu por alguns instantes voltei a ser criança novamente.
Na semana passada , quando eu já tinha subido a ladeira e feito a curva para depois atravessar a rua, vi as flores amarelas caídas por sobre o muro da casa.
Eram as mesmas flores que enfeitavam a entrada de Eldorado. Eu tenho até uma foto da Amanda pequenininha fazendo pose embaixo da trepadeira carregada das flores amarelas.
Então eu me lembrei dos domingos que passávamos lá quando as crianças eram pequenas e me deu uma saudade...
Mas a lembrança foi mais longe e eu me lembrei do pequeno jardim da casa do Ipiranga, quando eu era pequena e que por coincidência, tinha as mesmas flores. E lembrei da minha avó Adonina dizendo carinhosamente ( pois ela nunca foi capaz de dar uma bronca) que eu não deveria estourar os botões das flores.
Isso tudo eu pensei em alguns segundos parada de frente pro muro florido. E quando voltei das divagações olhei para os lados e vi que estava sozinha.
Então me aproximei do botão mais gordo que tinha e sem dor na consciência apertei-o com força ( me desculpa, vó ). Escutei aquele "ploct" que fez parte da minha infância e me senti tão feliz!!
Aquele botão não iria dar a flor amarela tão bonita mas ele fez meu dia ser mais alegre e eu por alguns instantes voltei a ser criança novamente.
sexta-feira, 19 de setembro de 2008
Para Cecília
Eu não me lembro quando foi a primeira vez que a vi. Estávamos no ginásio ( naquela época era assim) no Seminário Nossa senhora da Glória.
Ela tinha apenas 1:20cm e ,é claro, chamava a atenção de todo mundo. Com o passar do tempo fiquei conhecendo sua história.
Cecília tinha um problema ósseo. Seus ossos se quebravam com muita facilidade e ela havia passado a maior parte de sua infância na cama engessada.
Mas essa parte da história eu não vou contar.
Ficamos grandes amigas. Amigas de muitas risadas, de confidências, de desabafos e de choros. E por frequentar muito a casa dela eu sabia do medo que a família tinha com relação a tudo que ela fazia. Era, na realidade, um cuidado muito grande.
Terminamos o ginásio, fizemos o colegial e o cursinho juntas. Meu braço era seu apoio e eu fiquei tão conhecida quanto ela pois não nos separávamos.
Embora seu corpo fosse pequenino, sua alma era grande e queria voar longe.
Seu primeiro vôo foi a faculdade de odontologia no interior de São Paulo.
Mas ela não se contentou só com isso. Amou como as almas grandes amam e apesar de todo o medo da família casou com o homem que ela mesma escolheu.
O vestido de noiva foi minha mãe que fez. Ela estava tão bonita....
Mas o vôo não parou por aí. Para quem deixar as lições de vida que ela havia aprendido? Para quem deixar o exemplo do esforço e da conquista mesmo quando a vida nos priva de algumas coisas?
E foi então que ela escolheu duas meninas para passar adiante sua história e que lhe deram a oportunidade que lhe faltava de ser chamada de mãe.
O resto da história eu prefiro não contar. Porque a vida dela foi tão bonita que é isso que eu quero lembrar quando sua imagem vem ao meu pensamento.
Talvez ela tenha sido um dos melhores exemplos que eu tenho da alegria e da força com que alguém enfrenta a vida. E se foi tão curta, foi o suficiente para que eu aprendesse a amá-la e tê-la como uma amiga querida para sempre.
Ela tinha apenas 1:20cm e ,é claro, chamava a atenção de todo mundo. Com o passar do tempo fiquei conhecendo sua história.
Cecília tinha um problema ósseo. Seus ossos se quebravam com muita facilidade e ela havia passado a maior parte de sua infância na cama engessada.
Mas essa parte da história eu não vou contar.
Ficamos grandes amigas. Amigas de muitas risadas, de confidências, de desabafos e de choros. E por frequentar muito a casa dela eu sabia do medo que a família tinha com relação a tudo que ela fazia. Era, na realidade, um cuidado muito grande.
Terminamos o ginásio, fizemos o colegial e o cursinho juntas. Meu braço era seu apoio e eu fiquei tão conhecida quanto ela pois não nos separávamos.
Embora seu corpo fosse pequenino, sua alma era grande e queria voar longe.
Seu primeiro vôo foi a faculdade de odontologia no interior de São Paulo.
Mas ela não se contentou só com isso. Amou como as almas grandes amam e apesar de todo o medo da família casou com o homem que ela mesma escolheu.
O vestido de noiva foi minha mãe que fez. Ela estava tão bonita....
Mas o vôo não parou por aí. Para quem deixar as lições de vida que ela havia aprendido? Para quem deixar o exemplo do esforço e da conquista mesmo quando a vida nos priva de algumas coisas?
E foi então que ela escolheu duas meninas para passar adiante sua história e que lhe deram a oportunidade que lhe faltava de ser chamada de mãe.
O resto da história eu prefiro não contar. Porque a vida dela foi tão bonita que é isso que eu quero lembrar quando sua imagem vem ao meu pensamento.
Talvez ela tenha sido um dos melhores exemplos que eu tenho da alegria e da força com que alguém enfrenta a vida. E se foi tão curta, foi o suficiente para que eu aprendesse a amá-la e tê-la como uma amiga querida para sempre.
quarta-feira, 13 de agosto de 2008
Shirra e He Man
Mamãe vou te contar
um segredinho, vem cá.
Prá mim você é melhor do que a Shirra,
mais forte que o He Man
mais veloz que um avião...
Mas cabe todinha no meu coração.
Foi essa a musiquinha que eu ouvi no dia das mães de 1994 e nunca mais esqueci.
Lembro que chorei muito e fiquei emocionada. Afinal eu estava sendo comparada a super heróis.
E pensando bem acho que como eles eu tinha também meus super poderes. Tinha o super beijo, o super colo, o super abraço. E o melhor de tudo é que eles funcionavam mesmo.
Eu aplicava um desses poderes a qualquer tristeza ou medo do Thiago e da Amanda e tudo passava. No dia seguinte estava tudo bem novamente.
Mas o tempo passou e embora eu ainda tenha esses poderes guardados dentro de mim, eles já não funcionam como antes.
Não é sempre que consigo solucionar os problemas e isso me deixa triste. Sei que não é porque estou mais velha ou porque esses poderes enfraqueceram. Acho que é porque a vida vai nos apresentando situações difíceis pelas quais temos que passar e somos obrigados a prosseguir apesar delas. Acho até que hoje, a Shirra é a Amanda e o He Man é o Thiago porque são eles que com seus poderes de sorrir e enxergar a vida com esperança me dão alegria e felicidade.
Os papéis se inverteram e eu agradeço a Deus por ter esses super heróis do meu lado.
um segredinho, vem cá.
Prá mim você é melhor do que a Shirra,
mais forte que o He Man
mais veloz que um avião...
Mas cabe todinha no meu coração.
Foi essa a musiquinha que eu ouvi no dia das mães de 1994 e nunca mais esqueci.
Lembro que chorei muito e fiquei emocionada. Afinal eu estava sendo comparada a super heróis.
E pensando bem acho que como eles eu tinha também meus super poderes. Tinha o super beijo, o super colo, o super abraço. E o melhor de tudo é que eles funcionavam mesmo.
Eu aplicava um desses poderes a qualquer tristeza ou medo do Thiago e da Amanda e tudo passava. No dia seguinte estava tudo bem novamente.
Mas o tempo passou e embora eu ainda tenha esses poderes guardados dentro de mim, eles já não funcionam como antes.
Não é sempre que consigo solucionar os problemas e isso me deixa triste. Sei que não é porque estou mais velha ou porque esses poderes enfraqueceram. Acho que é porque a vida vai nos apresentando situações difíceis pelas quais temos que passar e somos obrigados a prosseguir apesar delas. Acho até que hoje, a Shirra é a Amanda e o He Man é o Thiago porque são eles que com seus poderes de sorrir e enxergar a vida com esperança me dão alegria e felicidade.
Os papéis se inverteram e eu agradeço a Deus por ter esses super heróis do meu lado.
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