quarta-feira, 7 de setembro de 2011

Tantas histórias numa porta de armário

Eu tenho um livro no consultório que as crianças gostam muito.
Ele conta a história de uma jovem chamada Vânia ( que não é a minha irmã ) que na pressa de pegar uma roupa pra sair deixa cair do armário uma caixa de sapatos. Dentro dessa caixa estão vários objetos guardados por ela e cada um desses objetos tem uma história. Então ela começa a lembrar dessas histórias e quase perde a hora do compromisso. O nome do livro é " Tantas histórias numa caixa de sapatos".
Hoje, feriado, para quem não tem faxineira pode ser o dia de limpar o armário. E foi o que eu fiz.
Descobri, então, uma série de coisas ali guardadas que como no livro me fizeram lembrar de algumas histórias.
Sem dúvida, de todas elas a mais antiga é a boneca Beijoca que, para meu espanto, ainda solta beijinhos. A roupa eu tive que jogar fora e tentei limpar o rostinho dela mas não melhorou muito. É a recordação de um Natal em família, quando se ganhava um único presente e por isso ele era tão importante. Brinquei muito com ela por muito tempo.
Depois encontrei o estojo de manicure que ganhei da Roseli quanfo fiz 15 anos. E aí veio a lembrança da festa tão esperada dos anos 60. Todas as meninas de branco pra aparecer bem na luz negra. Margaridas enfeitando o lugar , cuba libre e aquelas músicas que eu nunca vou esquecer.
Passaram-se muitos anos e então eu vi novamente meu vestido de noiva. Fico pensando quantas mulheres guardariam por 29 anos um vestido de noiva e com certeza faço parte da minoria. Mas ele me traz lembranças de um dia maravilhoso e foi feito pelas mãos da minha mãe.
Depois achei dezenas de bilhetinhos de meus filhos. No começo só desenhos, depois algumas palavras ( "mamãe eu te amo" ) e por fim cartinhas que eram jogadas como aviõezinhos quando eu estava distraída.
A mais recente de todas as coisas que encontrei foi a caixinha com lembranças do casamento da Amanda. Tinha o potinho do chá de cozinha, os convites, o laço e algumas pétalas do buquê.
Assim como a personagem do livro quase perdi a hora de fazer o almoço e pensei em me desfazer de algumas dessas coisas. Mas depois eu as coloquei no mesmo lugar em que estavam todo esse tempo. Porque elas só me trazem boas lembranças e me fazem ver como a minha vida foi e é tão boa. E que fases ruins existem sim mas passam...

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Para Amanda

Querida filha

Nós escolhemos trabalhar com seres humanos e por essa razão temos uma responsabilidade muito grande. Não podemos cometer algumas falhas porque elas implicam, muitas vezes, em erros que envolvem a vida das pessoas.
Quando você saiu do último emprego eu acredito que algumas pessoas devem ter pensado como você pode largar um trabalho sem ter outro em vista. Eu confesso que também cheguei a pensar nisso algumas vezes.
Mas eu tenho que lhe dizer que sinto orgulho de você por ter tido a coragem de abrir mão de uma coisa que você não se sentia segura em fazer. Isso se chama honestidade e é uma das maiores virtudes que o seu humano pode ter.
Eu poderia ter ganho muito dinheiro com pacientes gagos e com famílias que procuram desesperadamente por uma fono que atenda seus familiares portadores de sequelas de AVC. Mas eu nunca tive coragem de atender tais casos porque não me sinto segura . Então eu acho que você "herdou" isso de mim.
Se hoje você procura por um lugar onde possa mostrar toda a capacidade que tem ( e eu tenho certeza que vai encontrar ) sei que sua consciência está tranquila embora a caminhada seja difícil.
E eu espero que essa coragem que você tem de tentar sempre mas com os pés no chão, a acompanhe pela vida inteira. Eu , pelo menos, tenho a certeza que você aprendeu tudo o que eu quis lhe ensinar e que eu não poderia ter uma filha melhor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Roda viva

Eu cresci vendo minha mãe costurar e meu pai fazer contabilidade. Minha mãe foi e ainda é maravilhosa na costura. Meu pai trabalhava muito e não podia assinar as escritas que fazia pois não tinha diploma. Dividia o que ganhava com um amigo que assinava a contabilidade por ele. O som que embalava meu sono quando criança era o do pedalar da máquina de costura e das teclas da máquina de escrever. Havia também o som de um radinho de pilha que irradiava jogo de futebol e quando não tinha jogo era o som de músicas acompanhadas de um lápis batendo o ritmo na mesa. Aliás, meu pai conseguia fazer o que eu nunca consegui, que era trabalhar ouvindo música. Eu não tinha a menor consciência da situação financeira que vivíamos. Nunca me faltou nada mas a vida era simples. Nada de viagens, nada de restaurantes, nada de roupas caras. Por incrível que pareça foi na semana passada que minha mãe deixou escapar que um dia ela terminou um vestido e com o dinheiro que recebeu saiu para comprar "mistura" pois não tinha nada naquele dia. Mas seu era tão feliz!!! Eu tinha tudo o que precisava e que o dinheiro não compra: uma família, amor, carinho e acima de tudo uma coisa que eu só descobriria alguns anos mais tarde. Quando me casei conheci um outro lado da vida que eu não estava acostumada. Saía muito, ia a bons restaurantes e comprava tudo o que queria. Mas no fundo eu sempre fui uma pessoa simples, de hábitos simples. Tudo o que aprendi na infância chama-se Felicidade. Ela não depende de nada que venha de fora de nós. Hoje eu estou passando uma fase difícil e mesmo assim sou uma pessoa feliz. Não tenho saudade de nada que ficou dos dias de fartura. É claro que havia mais tranquilidade no sentido financeiro mas se essa é lição que tenho que aprender, vamos em frente. Agradeço a meus pais pelo exemplo de coragem, dignidade e honestidade. Não há nada que me faça esquecer dessas coisas. "Roda mundo, roda gigante roda moinho, roda pião o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração".

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Zig

Violeta, Bolinha, Marujo, Tuca, Dick, Pituca, Thor, Tilim, Fred, Aira, Tob, Nick e........Zig!!
Esse é o nome do mais novo membro da família canina que me acompanha há muito tempo. É o cãozinho da Amanda e do Marcelo e parece um bichinho de pelúcia. Lindo, lindo!
Ficamos preocupados com o Nick que é "filho único" aqui em casa mas é até engraçado ver os dois juntos.
O Zig vai atrás do Nick o tempo todo e quer pegar não só seus brinquedos como suas orelhas.
O Nick, por sua vez, quer disfarçar tentando ignorar a presença do pequeno amigo mas demonstra ciúmes demarcando seu território com xixi.
Mas não se preocupe Amanda, o "monstro peludo" não está triste e nem se sentindo traído. Ele vai continuar amando você.
Afinal, se existe memória canina, como ele poderia esquecer de você nos 15 anos, na formatura, nas tardes no sofá encolhidinho na manta, no cantinho dos pés da sua cama, dos seus sorrisos, de lamber suas lágrimas e do "auge" tirando fotos de gravata com você de noiva?
Tenho certeza que ele e o Zig serão bons amigos.
Desejo que o Zig traga a você o tanto de alegria que o Nick trouxe até hoje. Que ele seja seu companheiro e tenha muita saúde.
O Nick continua sendo seu também mas ele não vai ensinar os truques que sabe fazer tá?

sábado, 2 de outubro de 2010

Para Amanda

Armários e gavetas vazias.
O barulho do secador, os longos minutos no chuveiro, o toque do celular...
Perfumes, cremes, xampus...
O cafezinho no final da tarde, o beijo na manhã e antes de deitar.
Cheiros e sons que eu não tenho mais no meu dia a dia.
Será essa a síndome do Ninho Vazio?
Na verdade o ninho construído nunca estará vazio pois ficará sempre aqui, esperando o pouso depois de novos vôos.
Não é tristeza, pois a minha felicidade está diretamente ligada à felicidade dos meus filhos. E se eles estão felizes eu também estou.
É um sentimento que eu ainda não tinha experimentado e porisso não sei o nome. É a vontade de dar o beijo, fazer carinho, abraçar e ter que esperar, quando antes era só esticar os braços.
Amanda, com certeza essa casa será sua para sempre e meu amor também. Existe um pouco de você em cada coisa que eu olho.
Que a sua nova vida tenha bases sólidas para resistir às dificuldades.
Você é a minha Fênix. Deus te abençoe e eu te amo para sempre.