quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Para Amanda

Querida filha

Nós escolhemos trabalhar com seres humanos e por essa razão temos uma responsabilidade muito grande. Não podemos cometer algumas falhas porque elas implicam, muitas vezes, em erros que envolvem a vida das pessoas.
Quando você saiu do último emprego eu acredito que algumas pessoas devem ter pensado como você pode largar um trabalho sem ter outro em vista. Eu confesso que também cheguei a pensar nisso algumas vezes.
Mas eu tenho que lhe dizer que sinto orgulho de você por ter tido a coragem de abrir mão de uma coisa que você não se sentia segura em fazer. Isso se chama honestidade e é uma das maiores virtudes que o seu humano pode ter.
Eu poderia ter ganho muito dinheiro com pacientes gagos e com famílias que procuram desesperadamente por uma fono que atenda seus familiares portadores de sequelas de AVC. Mas eu nunca tive coragem de atender tais casos porque não me sinto segura . Então eu acho que você "herdou" isso de mim.
Se hoje você procura por um lugar onde possa mostrar toda a capacidade que tem ( e eu tenho certeza que vai encontrar ) sei que sua consciência está tranquila embora a caminhada seja difícil.
E eu espero que essa coragem que você tem de tentar sempre mas com os pés no chão, a acompanhe pela vida inteira. Eu , pelo menos, tenho a certeza que você aprendeu tudo o que eu quis lhe ensinar e que eu não poderia ter uma filha melhor.

terça-feira, 5 de abril de 2011

Roda viva

Eu cresci vendo minha mãe costurar e meu pai fazer contabilidade. Minha mãe foi e ainda é maravilhosa na costura. Meu pai trabalhava muito e não podia assinar as escritas que fazia pois não tinha diploma. Dividia o que ganhava com um amigo que assinava a contabilidade por ele. O som que embalava meu sono quando criança era o do pedalar da máquina de costura e das teclas da máquina de escrever. Havia também o som de um radinho de pilha que irradiava jogo de futebol e quando não tinha jogo era o som de músicas acompanhadas de um lápis batendo o ritmo na mesa. Aliás, meu pai conseguia fazer o que eu nunca consegui, que era trabalhar ouvindo música. Eu não tinha a menor consciência da situação financeira que vivíamos. Nunca me faltou nada mas a vida era simples. Nada de viagens, nada de restaurantes, nada de roupas caras. Por incrível que pareça foi na semana passada que minha mãe deixou escapar que um dia ela terminou um vestido e com o dinheiro que recebeu saiu para comprar "mistura" pois não tinha nada naquele dia. Mas seu era tão feliz!!! Eu tinha tudo o que precisava e que o dinheiro não compra: uma família, amor, carinho e acima de tudo uma coisa que eu só descobriria alguns anos mais tarde. Quando me casei conheci um outro lado da vida que eu não estava acostumada. Saía muito, ia a bons restaurantes e comprava tudo o que queria. Mas no fundo eu sempre fui uma pessoa simples, de hábitos simples. Tudo o que aprendi na infância chama-se Felicidade. Ela não depende de nada que venha de fora de nós. Hoje eu estou passando uma fase difícil e mesmo assim sou uma pessoa feliz. Não tenho saudade de nada que ficou dos dias de fartura. É claro que havia mais tranquilidade no sentido financeiro mas se essa é lição que tenho que aprender, vamos em frente. Agradeço a meus pais pelo exemplo de coragem, dignidade e honestidade. Não há nada que me faça esquecer dessas coisas. "Roda mundo, roda gigante roda moinho, roda pião o tempo rodou num instante nas voltas do meu coração".

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Zig

Violeta, Bolinha, Marujo, Tuca, Dick, Pituca, Thor, Tilim, Fred, Aira, Tob, Nick e........Zig!!
Esse é o nome do mais novo membro da família canina que me acompanha há muito tempo. É o cãozinho da Amanda e do Marcelo e parece um bichinho de pelúcia. Lindo, lindo!
Ficamos preocupados com o Nick que é "filho único" aqui em casa mas é até engraçado ver os dois juntos.
O Zig vai atrás do Nick o tempo todo e quer pegar não só seus brinquedos como suas orelhas.
O Nick, por sua vez, quer disfarçar tentando ignorar a presença do pequeno amigo mas demonstra ciúmes demarcando seu território com xixi.
Mas não se preocupe Amanda, o "monstro peludo" não está triste e nem se sentindo traído. Ele vai continuar amando você.
Afinal, se existe memória canina, como ele poderia esquecer de você nos 15 anos, na formatura, nas tardes no sofá encolhidinho na manta, no cantinho dos pés da sua cama, dos seus sorrisos, de lamber suas lágrimas e do "auge" tirando fotos de gravata com você de noiva?
Tenho certeza que ele e o Zig serão bons amigos.
Desejo que o Zig traga a você o tanto de alegria que o Nick trouxe até hoje. Que ele seja seu companheiro e tenha muita saúde.
O Nick continua sendo seu também mas ele não vai ensinar os truques que sabe fazer tá?

sábado, 2 de outubro de 2010

Para Amanda

Armários e gavetas vazias.
O barulho do secador, os longos minutos no chuveiro, o toque do celular...
Perfumes, cremes, xampus...
O cafezinho no final da tarde, o beijo na manhã e antes de deitar.
Cheiros e sons que eu não tenho mais no meu dia a dia.
Será essa a síndome do Ninho Vazio?
Na verdade o ninho construído nunca estará vazio pois ficará sempre aqui, esperando o pouso depois de novos vôos.
Não é tristeza, pois a minha felicidade está diretamente ligada à felicidade dos meus filhos. E se eles estão felizes eu também estou.
É um sentimento que eu ainda não tinha experimentado e porisso não sei o nome. É a vontade de dar o beijo, fazer carinho, abraçar e ter que esperar, quando antes era só esticar os braços.
Amanda, com certeza essa casa será sua para sempre e meu amor também. Existe um pouco de você em cada coisa que eu olho.
Que a sua nova vida tenha bases sólidas para resistir às dificuldades.
Você é a minha Fênix. Deus te abençoe e eu te amo para sempre.

sexta-feira, 5 de março de 2010

Recebendo notícias

Eu sempre acreditei que a vida não termina aqui. Não sei exatamente para onde vamos mas creio que pessoas queridas nos esperam e que aprendemos e evoluimos.
Mesmo assim, nunca procurei receber notícias de quem partiu. Meu pai, certa vez, mandou uma mensagem e eu acreditei que fosse ele mesmo pois foi sem que eu pedisse e ele encerrou com um gesto que sempre fazia quando estava entre nós.
Fiquei muito tempo querendo saber o que havia acontecido com o Alexandre e porque ele partiu tão cedo. Hoje sei que não terei a resposta, pelo menos enquanto eu estiver por aqui. E comecei a só querer saber se ele estava bem.
Esta semana, sem eu esperar, tive a imensa alegria de saber que tudo está bem com ele. Que a enorme saudade que sinto dele, ele também sente por mim e que procura me ajudar quando pode.
Como a Amanda escreveu, o sentimento não muda e a gente aprende a gostar de um modo diferente. E é assim que deve ser, eu acho.
Sei que enquanto eu viver não vou esquecer do Alexandre. Apesar da saudade, me conforta saber que ele está bem e que também não esquece de mim e peço a Deus que ele evolua sempre para poder nos ajudar.